
Nesta estação, a abundância é concebida como reverberação — aquilo que ecoa, que persiste, que se torna visível quando vemos e escutamos com tempo, atenção e abertura. Ela manifesta-se no silêncio, na latência, no que resiste à evidência ou à velocidade da imagem. Contra a ideia de visibilidade como totalidade, as obras apresentadas aqui operam pela subtileza, pelo desvio e pelo deslocamento.
Cartografar é, neste contexto, um gesto crítico e sensível. As obras ensaiam formas de reler arquivos, escutar territórios ou habitar o tempo de outro modo. Entre paisagens sonoras, documentos históricos, tremores geológicos e imagens danificadas, constrói-se um campo comum de investigação sobre como se produz e transmite memória — e sobre como escutar o que ficou por dizer. Ao colocar em relação corpo, arquivo, som e matéria, estas propostas abrem espaço para formas de conhecimento situadas, relacionais e afetivas.